domingo, 13 de outubro de 2013

Entrevista Caio Ribeiro: Engenheiro de som do Charlie Brown Jr.e Sepultura

Qual é a importância do Engenheiro de Som para uma Banda ou para um Artista?
Acho que é transmitir, com  sensibilidade, a sonoridade da música que o grupo ou o artista gostaria de passar. A parte psicológica também é muito importante, pois se o artista tem confiança no seu profissional o trabalho dele é feito com tranquilidade, e com muito mais qualidade.
Especificamente, qual o trabalho do Engenheiro de Som?
Sob o ponto de vista técnico, seria o alinhamento do sistema e a mixagem dos canais, mas como disse antes, a sensibilidade é muito importante, o ideal é conseguirmos o casamento do conhecimento técnico com o bom gosto e sensibilidade.
Você tem outras funções na Banda?
Gerencio toda a equipe técnica.
Qual sua principal responsabilidade como Engenheiro de Som?
Transmitir ao público ao vivo, durante o show, com fidelidade, bom gosto e sensibilidade a música da forma como o artista imaginou quando compôs a obra.
Você trabalha para grandes Profissionais. Quais são as principais exigências?
As exigências são as profissionais, como cumprir horários e demais formalidades pertinentes à nossa atividade. Eu sempre tive muita sorte em todos os lugares que passei trabalhando. Tenho liberdade para fazer o meu trabalho e conquistei a confiança dos artistas com os quais trabalhei e trabalho.
Alguma solicitação específica ou nada usual?
No Charlie Brown as solicitações específicas acontecem no meio do show, como tipo – Aumenta essa porra!!!  rsrsrs
Como é o seu dia a dia durante o período de shows?
Normalmente, aeroporto ou ônibus… Chegando à cidade, vamos para o hotel, a equipe vai até o local do show, faz a montagem e o técnico de monitor alinha os monitores. Aí eu vou para o lugar e alinho o PA e passamos o som. Feito isso, voltamos para o hotel, onde descanso um pouco e começo um processo de concentração, ouço algumas músicas pra entrar no clima, me preparo e vou para o show.
Você já trabalhou com diferentes Bandas / Artistas e já está na estrada há algum tempo. Fale alguma coisa interessante ou curiosa que tenha acontecido com você ao longo da sua carreira.
Muitas coisas acontecem na estrada, algumas que você corre até risco de vida, porém prefiro não contar nada por lealdade à ética .
Existe algum tipo de integração ou troca de experiências com Roadies de outras Bandas?
Na verdade todos têm muita ética e sempre mantemos contatos entre equipes de bandas diferentes, até para obtermos informações sobre cidades e empresas que já serviram um ou outro. É uma constante troca de experiências. O objetivo maior sempre é fazer um grande show.
Você já trabalhou em Shows fora do Brasil? Aonde?
Sim. Já trabalhei no Japão, Europa e Estados Unidos.
No seu dia a dia, acredito que enfrente muitas dificuldades em razão do grande número de shows em diferentes casas e regiões. Quais são as coisas mais comuns de acontecer?
Problemas com energia elétrica e casas totalmente inadequadas, acusticamente falando.
Alguma situação que quase impossibilita algum show?
Sim, por exemplo, termos recebido toda a confirmação do rider técnico da empresa que nos atenderá, e chegando ao local do show descobrimos que não era verdade. O equipamento disponibilizado era muito inferior ao solicitado e erradamente confirmado pelo prestador de serviços.
Quanto tempo por ano você passa viajando?
Cerca de 200 dias por ano.
Como é ficar tanto tempo fora de casa?
É bem complicado! Sou pai e “chefe” de família, além disso, tenho meu próprio negócio: um Estúdio. Perdemos coisas e momentos com nossa família, por exemplo eventos escolares, aniversários, Dia dos pais e Dia das mães, etc… Mas, é uma coisa que você faz por amor, e por isso suporta esse tipo de coisa. Adoro minha profissão e exercer minha função me completa como pessoa.
Como você faz para conciliar sua vida pessoal em razão da sua intensa atividade profissional?
Tenho que dividir meu tempo em estar em casa e estar fora de casa. Quando estou na estrada estou sempre em contato com minhas filhas e minha empresa, graças à tecnologia esse processo fica um pouco facilitado. Quando estou em casa, aí coloco tudo em ordem, procuro recuperar o tempo em que não estive presente e aguardar até a próxima viagem. É preciso saber administrar o tempo, pois sem isso fica sempre faltando alguma coisa a ser feita e você tem que voltar pra estrada. É uma vida bem corrida.
Créditos: Fala Fil

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